Sem dúvida, um dos maiores desafios que tive após a faculdade de Medicina foi entender um pouco mais sobre a prescrição de nutracêuticos. Afinal, em nenhum momento ao longo daqueles seis longos anos, vi uma matéria sequer sobre o assunto.
Todavia, foram inúmeras aulas sobre farmacologia I, farmacologia II, porém, com foco exclusivo na prescrição de medicamentos alopáticos oriundos da indústria farmacêutica tradicional, a famosa “Big Farma”.
Após muitos estudos e buscas por novas informações, tanto nos periódicos mais respeitados quanto em conversas informais com diversos colegas farmacêuticos e médicos, aprendi a criar um senso crítico sobre o quanto a suplementação de nutracêuticos pode ser benéfica para o paciente.
Portanto, fique comigo neste artigo para seguirmos um pouco mais a fundo sobre esses benefícios.
A origem do termo Nutracêutica
Primeiramente, vamos conhecer um pouco mais sobre a origem da palavra. Nutracêutica é a junção das palavras Nutrição + Farmacêutica, um interessante conceito criado em 1989 pelo médico Dr. Stephen DeFelice.
Certamente, estamos diante de um novíssimo conceito – ainda mais quando falamos de história da Medicina. Segundo o próprio criador do termo, nutracêuticos são alimentos ou partes deles que têm efeitos terapêuticos ou benéficos para a saúde, seja para o tratamento ou prevenção de eventuais doenças.
Os efeitos dos nutracêuticos
Cada vez que estudo e me atualizo nos maiores sites de Medicina baseados em evidências, como UpToDate, Medscape e Pubmed, fico extremamente feliz ao ver o exponencial crescimento nas publicações para os mais diversos fins do uso de nutracêuticos.
Da mesma forma, hoje, diversos efeitos dos nutracêuticos são observados em testes clínicos (muitas vezes duplo-cegos randomizados com controle placebo) realizados em humanos. Esse crescimento só nos ajuda a crescer e nos respaldar em mais essa excelente ferramenta que podemos somar ao nosso arsenal terapêutico.
Dentre alguns dos seus benefícios conhecidos, os nutracêuticos auxiliam na prevenção de doenças e contribuem para a maior disposição e recuperação física, melhoram a função metabólica, atuam na saúde de cabelos, pele e unhas e muito mais.
Por fornecerem substâncias que nosso corpo já conhece, como vitaminas, minerais, proteínas e outros nutrientes de forma concentrada, os nutracêuticos oferecem muitos benefícios, alguns dos quais a ação diurética sem causar perder mineral e o fortalecimento do sistema imunológico .
Sem dúvidas, quando bem indicado, os nutracêuticos em geral possuem menor potencial de efeitos colaterais e interações medicamentosas. Porém, há de se salientar que, mesmo sendo substâncias naturais, também podem interagir com medicamentos e/ou outros suplementos.
Para tanto, é fundamental estudarmos a origem dos nutracêuticos, padronização, metabolização, excreção e possíveis interações, a fim de evitarmos efeitos indesejáveis.
Esclarecimento sobre a prescrição
Claro que não estou aqui para falar que os nutracêuticos vão “aposentar” os medicamentos tradicionais que tanto nos ajudam todo santo dia. Longe disso!
Sobretudo, estou aqui para abrir a mente de profissionais como eu para uma nova classe farmacológica (sim, podemos tratar assim os nutracêuticos), que pode nos auxiliar na possível diminuição ou suspensão do uso de certos medicamentos alopáticos. Ademais, podendo proporcionar melhor qualidade de vida ao paciente e maior segurança ao prescritor.
Definitivamente, ao dominar essa nova área, podemos ampliar o sucesso terapêutico, aliviar com mais segurança diversos sinais e sintomas dos pacientes e nos colocarmos em um nicho de profissionais à frente do seu tempo.
Conclusão
Por fim, fica minha visão de que a suplementação de nutracêuticos em hipótese alguma deve ser considerada um modelo de medicina alternativa, muito pelo contrário, sou a favor do conceito de uma medicina complementar àquela que tanto conhecemos.
Não à toa, Hipócrates (nosso “deus” da Medicina) já nos orientava há mais de 2400 anos com sua célebre frase: “Que seu remédio seja seu alimento e seu alimento seja seu remédio.”